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Por Flavia Guerra
A 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, contou em sua programação com o Seminário Internacional de Mulheres do Audiovisual e o II Fórum Nacional de Lideranças Femininas.
O seminário contou com a abertura de Anastasia Divinskaya, representante da ONU Mulheres Brasil e trouxe três convidadas especiais:
Alma Har’el, cineasta israelense, que criou uma plataforma internacional com talentos sub-representados, o Free the Work, que já está presente em muitos países e chega agora ao Brasil. O objetivo é sensibilizar marcas e estúdios a incluir maior diversidade em suas produções facilitando a busca por novos talentos. Marcas como o Facebook, Unilever, AT&T e Amazon se uniram à iniciativa.
Josephyne Besse, que criou o Collectif 50/50 na França e organizou um protesto midiático em 2018 nas escadarias do festival de Cannes, com 82 celebridades reivindicando maior presença feminina na indústria do audiovisual. Elas conquistaram a adesão de mais de 100 festivais pelo mundo para o compromisso com a pauta, além de avanços nas políticas públicas para o desenvolvimento do cinema francês junto ao CNC.
Maria Angela de Jesus, que sofreu na pele a discriminação por ser negra no início de sua carreira, hoje é Diretora de Conteúdos Originais da Netflix Brasil. Ela compartilhou as ações para ampliar a diversidade tanto na frente quanto atrás das câmeras – impulsionando a inclusão de talentos na realização de filmes e séries no Brasil, e compondo um diverso quadro de executivos.
O II Fórum Nacional de Lideranças Femininas homenageou uma grande referência feminina no Brasil, Mariza Leão, que neste ano completa 45 anos de sua produtora e é uma das vozes mais ativas na defesa de políticas para o desenvolvimento da produção nacional. O fórum contou com a abertura de Ana Carolina Querino, da ONU Mulheres Brasil, e um encontro com a produtora Sara Silveira.
O Seminário Internacional Mulheres do Audiovisual e o II Fórum Nacional de Lideranças Femininas é uma realização do Mais Mulheres, com o patrocínio da SPCine e, com o apoio do SESC SP e da Avon. Confira a programação no youtube da Mostra.
Seminário Internacional Mulheres do Audiovisual
Anastasia Divinskaya / ONU Mulheres – https://www.youtube.com/watch?v=0VVgyd319eA
Alma Hae’rl / Free The Work – https://www.youtube.com/watch?v=6-duYkXU8Ew&t=7s
Delphyne Besse / Collectif 50/50 – https://www.youtube.com/watch?v=NdqxNz27k14&t=5s
Maria Angela de Jesus / Netflix) – https://www.youtube.com/watch?v=TADX3q5x_-s&t=315s
II Fórum Nacional de Lideranças Femininas
Ana Carolina Querino / ONU Mulheres – https://www.youtube.com/watch?v=DBFIoTcmDgk&t=2s
Homenagem à Mariza Leão – https://www.youtube.com/watch?v=z_9QXJnSgbI&t=977s
Por Debora Ivanov
Completando 70 anos, a Berlinale, Berlin International Film Festival, organizou uma extensa agenda para abordar a diversidade na produção audiovisual. Na pauta, relações de trabalho, composição dos júris, acesso a recursos públicos, personagens femininos nos roteiros, pesquisas recentes, movimentos da sociedade civil e metas para os próximos anos.
Estive lá a convite do ProQuote Film, organização não-governamental alemã, que reuniu mais de 70 lideranças femininas de diversas partes do mundo. Pude conhecer mais de perto diversas iniciativas que estão fazendo a diferença.
No campo das políticas públicas, a Suécia já consolidou a paridade de gênero na destinação dos recursos do Swedish Film Institute. A França em 2019 aprovou um acréscimo de até 15% no financiamento do CNC – Centre National du Cinéma et de l’image Animée para filmes que apresentam equipes mais femininas. O Reino Unido elaborou indutores de diversidade para a destinação de recursos do British Film Institute e fora gradativa. O Canadá segue no mesmo caminho na destinação de recursos da Telefilm Canada.
No encontro também pude conhecer diferentes organizações da sociedade civil e suas ações para impulsionar mudanças. Passamos a nos conectar com uma rede internacional de colaboração para o enfrentamento da desigualdade na nossa indústria, o que nos torna mais fortes, em especial diante da crise que o Brasil atravessa nas políticas públicas para o desenvolvimento da produção nacional independente.
Debora Ivanov
Advogada e produtora, foi sócia da produtora Gullane, diretora executiva do Sindicato da Indústria do Audiovisual do Estado de São Paulo, diretora da Agência Nacional de Cinema e é uma das fundadoras do +Mulheres.